Nem sempre amadurecido para os embates existenciais, o homem tende, muitas vezes, a empreender fugas dos conflitos que o visitam, buscando aditivos para furtar-se à ocorrência dos mesmos.
Amedrontado diante do sofrimento, opta por negar a necessidade das mudanças interiores, evadindo-se por mecanismos vários, na tentativa de blindar-se das ocorrências inditosas.
Visitado pelas decepções, foge para o álcool.
Atormentado pelos conflitos íntimos, elege as drogas ilícitas para anestesiar a consciência.
Sacudido pelos conflitos familiares, aliena-se na glutonaria, com que desfigura o corpo e antecipa a morte pelos excessos.
Acovardado para encarar de frente as dificuldades de relacionamentos conturbados e difíceis, mergulha enlouquecido no trabalho, esgotando-se precocemente e arruinando a alegria de viver.
A falta de meditação e de silêncio interior tem sido fatores que predispõe o ser às fugas psicológicas várias, impedindo que a criatura desenvolva musculatura emocional para os enfrentamentos necessários ao seu processo de maturidade psicológica, única via pela qual aprende a conviver nos meios adversos e entre pessoas diferentes, sem conflitar consigo mesmo.
Os embates são necessários para maturação do ser em trânsito pelos infinitos caminhos da evolução, e as lutas aprimoram o Espírito para superação de seus limites, a caminho da plenitude.
As evasivas apenas adiam o problema, o tornando em muitas circunstâncias mais difícil e complicado, exigindo mais energia e disposição para sua superação.
Fundamental que o ser se conheça, avaliando suas ferramentas de lutas evolutivas e se predispondo às análises de cada situação posta pela vida diante de seus passos.
Após, busque na oração a necessária inspiração para enfrentamento do problema, avançando amparado na certeza da própria imortalidade, sabedor antecipado que tudo passa e que cada noite escura terá que ceder espaço a um novo amanhecer.
Aprenderá a ceder para vencer. Admitirá que muitos desafios são resgates de equívocos pretéritos, hoje exigindo reparação.
Adversários são vítimas de ontem, algozes são afeições tripudiadas de maneira leviana e cruel, cobrando justa reparação na atualidade.
Sabendo-se devedor, não adotará descaminhos que o isentem das dívidas contraídas. Buscando amadurecer para a vida, selecionará os recursos que tiver disponível dentro de si para equacionar da melhor forma possível o conflito à sua frente.
Em lugar do ódio, adotará o perdão.
Esquecerá a revanche criminosa para dilatar laços de amizade.
Abandonará o punhal com o qual silenciou adversários outrora, distribuindo flores de paz e concórdia entre desafetos.
Em vez de calúnia ou infâmia, utilizará o verbo para edificar e esclarecer, aceitando a própria imaturidade como desafio a ser superado a imenso esforço próprio.
Somente assim singrará o oceano largo da existência entre tempestades e ventos destruidores, aportando a frágil embarcação dos sentimentos no porto seguro da maturidade espiritual, guiado pela fé em Deus e pela bússola do Cristo, a nos amparar em todos os lances aflitivos da travessia pelos áridos caminhos do mundo.